17 de nov. de 2011

Gêmeos Com Mesmo Nome


Sonhei com uma irmã gêmea.
E, mesmo durante os ótimos momentos que passamos,
eu ficava desconfiado.
"Ela não tinha irmã gêmea."

Ao fim, alguém me ligava do hospital.
E eu, assutado.
E era ela, passando um trote.

Ela não tinha irmã gêmea.

Sinto dor pelo sonho.
Sinto dor por ela.
Hoje vai ser um dia comprido.

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1 de nov. de 2011

Seria Tão Melhor Se Eu Tivesse Pisado Nos Espaços Brancos


Há notícias que ouço e penso como seria se eu estivesse presente pra tentar cuidar de você. Então me lembro, dificilmente você aceitaria minha ajuda, assim, sem achar que precisa.

Ainda sonho em te ver e continuo achando que você era a pessoa certa pra mim. É ridículo pensar isso. Considerando tudo o que penso sobre a vida de forma geral, é ridículo achar que há um casal que se completa e somente um. Então me lembro, quantos casais você deixou incompletos?

Nunca desejei tanto para que algo acontecesse, e nunca me senti tão incapaz de fazer esse algo acontecer. Se lembra quando eu disse que a gente ainda ia ter o nosso tempo? Então. Naquela época, eu sabia que você ia crescer e que, talvez, eu te despertasse algo. E de fato, parece que eu despertei alguns anos depois. Era pra ter sido o nosso tempo, mas eu me neguei. Achei que você não merecia ou que queria jogar comigo de novo. Essa desconfiança eu nunca deixei de ter até falar com a sua mãe e com os seus amigos. Mas aí era tarde. Nosso tempo, que estava prestes a começar, acabou. Então eu me lembro de como tudo que eu realmente desejei nessa vida eu consegui. E de como, apesar de me sentir um incapaz muitas vezes, sempre houveram coisas que eu SABIA que era totalmente plausíveis e que bastava eu investir algum tempo e esforço para conseguir. De fato. Foi assim com você. Foi assim com a faculdade que faço. Foi assim com os empregos que consegui. Tudo que eu realmente quis, eu consegui. É um problema. Fiquei mimado, achando que o universo sempre me dá o que eu quero. Lei da Atração, dizem. Mas, ora, acho que ela não funciona dessa vez.

A morte, intransponível. A morte. Tão forte. Tão bruta. Tão aleatória. E eu não posso fazer nada quanto a ela. Só desejo. Só desejo você de volta. É idiota pensar em "ir atrás" de você. Não tenho idéia do que acontece.

A falta que você faz, agora, eu nunca senti por nada. Para todas as faltas que eu senti na vida, eu consegui preencher com algo. Com milhões de passos até reverter a situação, com textos, com músicas, com livros, com jogos, apenas para não ver o tempo passando enquanto os resultados não chegavam.

Mas e agora? Nenhum tempo é suficiente pra você chegar aqui. O tempo, que agora passa mais lento. O tempo, que ainda tenho tanto.

Você morreu, e eu ganhei 30 anos de vida.
Você morreu, e os meses passam como anos.

Há muito pra tão pouco de mim. São míseros 25 anos, dos quais apenas uns 10 com lucidez suficiente pra notar as coisas. E desses 10, 9 você esteve em algum lugar da minha cabeça, sendo citada inconscientemente em textos, sendo procurada inconscientemente em outras mulheres, sendo evitada como uma criança evita pisar nos espaços brancos das calçadas (sem a menor razão pra evitar, mas evitando mesmo assim).

Eu nunca seria feliz com você, mas eu tinha que tentar.

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